Quem me conhece, sabe da minha paixão por Stranger Things e de como a série é uma declaração de amor a uma década cujo o cinema foi bem importante para minha geração. Pois bem, mantenho o que eu disse, mas Stranger Things agora divide o lugar em meu coração com outra série da Netflix, Dark.
Dark é o tipo de obra que é, por si só, um murro no estômago nas séries ficção científica . E mais interessante, não é uma produção americana, é alemã. Além do roteiro ser espetacular , o elenco é surreal ( sem trocadilhos) de tão bom, os atores e atrizes, mesmo os mais jovens, são muito bons mesmo. A direção de arte, os figurinos e a recriação de época é incrível, percebam como o figurino de Jonas lembra o uniforme de uma instalação que será muito importante para a trama.
"Não é estranho que nós sentimos a maior aversão justamente às pessoas que são mais parecidas com nós mesmos?" essa frase é dita em certo momento por um certo personagem.
A série mexe em vespeiro principalmente ao utilizar conceitos teóricos da Física, Física Quântica , teoria das cordas ( teoria- M) baseado nos trabalhos de Hawking ( conjectura de proteção cronológica ), Einstein e Rosen , a lei da causalidade, a filosofia de Friedrich Nietzsche e outros elementos que se misturam aos dilemas éticos que, antes de percebermos se à trama é verossímil ela problematiza nossas opções de soluções nos fazendo pensar até o último segundo de projeção. Abrindo espaço para o espectador criar várias teorias baseado nos acontecimentos que a série nos apresenta, e são muitos.
E eu entendo parte do estranhamento gerado pela série, ela é fruto de uma linguagem e estética completamente diferente das produções americanas que estamos acostumados, mesmo aquelas com o padrão Netflix. Sua atmosfera é muito densa, a edição arrastada e uma trilha sonora muito profunda e pesada , a decisão da direção é muito acertada, em certo momento podemos ouvir uma variação do som de "tique-taque" que fará sentido nos episódios finais das duas primeiras temporadas. As referências a década de oitenta e a um filme de aventura protagonizado por um jovem e um cientista também estão presentes na série. Talvez essa seja a comparação com o universo da jovem Onze.
Se Stranger Things tem as cores e o espírito juvenil pulsando na tela , Dark tem a maturidade. Por isso, pra mim, as duas séries se completam de uma maneira incrível . E tenho que agradecer a Netflix, eu jamais conheceria um material alemão tão bom quanto esse. E digo mais, se tivesse o mesmo destaque que Game of Thrones , Westworld ou mesmo Stranger Things cujos os produtos são americanos, essa série já teria a mesma base de fãs do que essas que citei acima. É o tipo de produto que se você piscar, perde informações muito importantes. E só isso, já me ganhou de cara...
*Crítica postada originalmente no blog.