Há uma sensação de vazio quando morre uma artista do quilate de Agnès Varda. Ela foi uma força revolucionária da Nouvelle Vague, e, não por acaso, uma das forças femininas mais pulsantes da história do cinema. O pano de fundo de seus filmes era a empatia, pura e simples, recheados de humanidade e poesia.
Como se estivesse nos convidando a saborear o mundo ao seu redor . Chegou aos 90 anos ativa e filmando muito, pq sempre teve muito o que dizer. O último filme, "Varda par Agnès" exibido no último festival de Berlim -e ainda inédito no Brasil- foi ovacionado por críticos e jornalistas. Tido pelos profissionais como uma aula de cinema e, ao mesmo tempo, seu presente de despedida para os fãs ao redor do mundo.
Quem viu o filme disse que a diretora resolveu deslocar os créditos finais da produção para aparecerem logo no início. Ela quis claramente que sua imagem derradeira fosse outra, e não a tela preta com uma lista de nomes. E a imagem que escolheu para se despedir é a de uma névoa que vai crescendo até virar um borrão branco e ocupar toda a tela, apagando a cena anterior, que trazia Agnès Varda, aos 90, contemplando uma praia. Nada é mais simbólico e poético do que isso...
Que carreira linda!
Obrigado, mestra, por fazer do cinema um lugar mais humano.
“Nos meus filmes eu sempre quis fazer com que as pessoas enxergassem as coisas com profundidade. Eu não quero apenas mostrá-las, quero que as pessoas sintam o desejo de vê-las.”
Agnès Varda
(1928-2019)
(1928-2019)