🎬 :★★★★
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Daisy Ridley, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, John Boyega, Oscar Isaac, Kelly Marie Tran, Laura Dern, Benicio del Toro, Andy Serkis, Domhnall Gleeson
Impactante! Essa é a palavra que mais define "Star Wars: Os Últimos Jedi".
O filme começa exatamente onde O Despertar da Força parou. Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em Ahch-To , uma ilha isolada nos confins do universo, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre Jedi. Paralelamente, a Primeira Ordem do Líder Supremo Snoke (Andy Serkis) e seu pupilo Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.
O roteiro escrito por Rian Johnson ( Looper ) mostra como os personagens são muito bem desenvolvidos, a jornada do herói é vista em todo o seu esplendor. O roteiro é bastante denso, questionador, cômico, profundo e por vezes, trágico. Mas Johnson dá a sua narrativa uma chance de respirar. Cada alívio cômico acontece na hora certa( as piadas não são soltas), cada cena é cuidadosamente organizada, cada diálogo bem escrito, nada aqui é por acaso e, todos as cenas de ação são bem orquestrada por Johnson. A Disney deu a ele muita liberdade e algumas ideias de George Lucas foram aproveitadas aqui. A continuação da jornada do herói Luke Skywalker é contada, mesmo não sendo o protagonista da nova trilogia.
"Os Últimos Jedi" tem mais personalidade, é um filme mais autoral, você percebe na telona o trabalho do diretor . É interessante como o filme incorporou o cinza onde, antes, só havia preto e branco. E não fica só nisso, essa decisão tem um reflexo importantíssimos em alguns personagens. É um filme sobre o embate entre mestres e pupilos, de sabedoria e aprendizado, fé e descrença, ceticismo e esperança, entrega e resistência. E, trabalha, na minha opinião, de forma maravilhosa com a quebra de expectativa, de uma forma que não se costuma fazer dentro desse gênero. O filme é do Mark Hamill ( é uma clara homenagem a ele), ele está fantástico. Visceral.
Seu Luke é trágico e carrega o peso dos feitos do passado ao questionar tudo aquilo que viveu ("eu achei que poderia treinar Kylo...", lamenta Luke). A volta de um certo personagem a trama é muito impactante, nos ensina que um mestre sempre tem algo a mais a ensinar (e, no caso específico, a aprender também!). E a cena dele com Luke Skywalker ativa a mais bela memória afetiva que temos da trilogia original. Sim, lágrimas e sorrisos do expectador se misturam nessa hora. Se falei do mestre, digo o mesmo de seus pupilos. Se Luke era visto como a "esperança" ( ou a falta dela em certos momentos aqui ) em "O Despertar..." , Rey é a "fé" inabalável que move "Os Últimos Jedi", nem mesmo a relação conflituosa com Kylo Ren muda isso. A química entre Daisy Ridley e Adam Driver é explosiva em certos momentos da trama.
Kylo Ren, continua tentando provar seu valor ao Líder Supremo Snoke ( Andy Serkis) que, aqui, continua enigmático como antes, mostrando total domínio da força, talvez, sua identidade deve ser revelado no próximo filme. Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) além de todo o carisma, acrescentam aspectos vitais à história, mesmo que tenham arcos completamente distintos. O arco da General Leia ( saudosa Carie Fisher) é surpreendente e bem interessante, Fisher emociona em suas cenas dando um peso maior ao filme, o que não deixa de ser triste, pq ela teria uma importância maior no Episodio IX. Aqui, em certo momento, ela exibi o domínio da força ( afinal , ela é filha de Vader e irmã de Luke ).
Amirante Holdo, Rose Tico e DJ |
Essa falta de entendimento do que simboliza Star Wars, levou um grupo de extrema-direita nos EUA reconheceu que inundou o sistema de votação com bots para influenciar o resultado negativo no site Rotten Tomatoes. O grupo acusou a Disney de "introduzir mais personagens femininas no universo da franquia", de tornar Poe Dameron uma "vítima do movimento anti-mansplaining * ", e alerta para o perigo de transformar Poe e Luke "em gays" e, que os homens "devem ser recolocados como os senhores da sociedade". Isso, não me causou espanto, basta ver de onde saiu essas críticas.
Em termos políticos, o filme é uma crítica explícita sobre os malefícios do capitalismo e a exploração oriunda dele ( quer um exemplo maior do que toda aquela cena no planeta do cassino ? ) . E é, na cena final com o menino segurando a vassoura, que isso se torna mais evidente ao passar duas valiosas mensagens : ESPERANÇA E RESISTÊNCIA! Aliás, Star Wars sempre levantou debates; a crítica a regimes totalitários é um exemplo disso. Lucas já disse em entrevistas que os Episódios I,II e III foram uma crítica direta aos governos Bush. Tanto o "Imperio" quanto a "Primeira Ordem" são uma alegoria ao nazismo, caso não tenha percebido isso, sugiro que assista a saga novamente. Todos os aplausos ao diretor Rian Johnson, que fez um filme espetacular, autoral, questionador e é, sem sombra de dúvida, um dos melhores da série. Todos os componentes técnicos são equilibrados e conseguem dar aos "O Último Jedi" uma voz e um coração próprio dentro da saga. Só essa coragem, já merece nosso reconhecimento.
Ao meu ver, "O Despertar da Força" foi uma clara homenagem ao Han Solo , "Os Últimos Jedi" ao Luke e, tudo indica que o próximo seria uma homenagem a General Leia. Os produtores falaram isso , dias depois da morte de Carrie Fisher. O filme seria focado na personagem. Os Útimos Jedi, oitavo capítulo da série, chegou para consolidar a passagem de bastão entre velhos e novos personagens da série ( a cena final entre Leia e Poe deixa isso muito claro). Nesse sentido, a franquia vai se desenvolvendo em direção a algo muito maior e, mal posso esperar para ver o Episodio IX...
🎬 :★★★★
*Mansplaining :O termo é uma junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem dedica seu tempo para explicar a uma mulher como o mundo é redondo, o céu é azul, e 2+2=4. E fala didaticamente como se ela não fosse capaz de compreender, afinal é mulher. Mas o mansplaining também pode servir para um cara explicar como você está errada a respeito de algo sobre o qual você de fato está certa, ou apresentar ‘fatos’ variados e incorretos sobre algo que você conhece muito melhor que ele, só para demonstrar conhecimento. Acontece muito em conversa sobre feminismo!