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Che -DvD da semana(Na verdade DvDs)

Steven Soderbergh busca o Ernesto de la Serna Guevara por trás do mito.



Uma das figuras mais imediatamente reconhecíveis do século 20. Uns o vêem como um exemplo, um ideal, outros como assassino romantizado. Mas, independente de como o guerrilheiro,fotógrafo,escritor e médico argentino seja visto, sua importância histórica é inegável.Em 1969 o diretor Richard Fleischer comandou o repulsivo Che!, que trazia Omar Shariff (que depois lamentou ter interpretado o guerrilheiro)em um filme que foi inteiramente manipulado pela CIA ,segundo o próprio Shariff."Fidel Castro interpretado por Jack Palance e o filme em geral resultaram em um produto fascista" disse o galã egípcio, em Dezembro de 2007.

Em 2008, 50 anos após a Revolução Cubana,o cineasta norte-americano Steven Soderbergh (que também tem sua visão do ícone),optou por mostrar nas telas a história do homem, não o mito.O diretor faz, jus ao espírito revolucionário de uma das figuras mais emblemáticas do século 20: Ernesto Guevara La Serna, o “Che”.

Pode não parecer, mas é realmente significativo que vivamos numa época em que um cineasta norte-americano(internacionalmente premiado) tenha a coragem e a possibilidade de usar seu peso na indústria de Hollywood para realizar uma cinebiografia que, longe de condenar o espírito da Revolução Cubana, ainda retrata Fidel e Che como figuras dignas que tiveram a coragem de lutar por Cuba num período em que os Estados Unidos já interferiam pesadamente nas políticas internas de todas as nações da América Latina.
Em seu épico de 4 horas e meia, o diretor que mais alterna superproduções e filmes autorais em Hollywood (ele vai de Onze Homens e um Segredo a Bubble, de Traffic a Full Frontal) acompanha Che chegando a Cuba em 1956 até sua derrota na Bolívia onze anos depois.

É uma cinebiografia, sim, mas uma que não faz as infames concessões mercadológicas que costumam arruinar produções do gênero. Não vemos "os amores de Guevara". Não o temos um momento sequer em poses consagradas, como as famosas imagens registradas pelas lentes de Alberto Korda. Não são amenizados os crimes cometidos em nome da liberdade(como o fato de Che ter “justiçado” desertores na Sierra Maestra). Não há hiperdramatização. O Che de Soderbergh e do protagonista Benicio Del Toro(imperdoável Benicio não ter sido indicado ao Oscar ) não é uma idéia, mas um homem movido por uma.


Benicio del Toro como Che Guevara (à esq.), num discurso em que o argentino representou o governo cubano na ONU, em 1963. É difícil distinguir o ator do verdadeiro Che (à dir.)




A primeira metade do longa, que foi lançado em duas partes pela inviabilidade da duração proposta, cobre, com um belo formato Scope digital( Soderbergh utilizou a câmera Red One,a diferença entre a película e o digital já é inexistente a Red One alcança os 4K similares ao filme convencional) e quase sem trilha sonora, os anos da revolução cubana. Batizado Che(O Argentino),o filme retrata desde o histórico primeiro encontro entre Raul Castro(Rodrigo Santoro),Fidel Castro e Che em 1956 ,o filme tem estrutura não-linear, saltando entre a turnê de Guevara por Nova York em 1964 e seu famoso discurso na ONU (gravados em preto e branco granulado), a viagem do barco Granma (que levou 82 revolucionários à ilha caribenha) e as batalhas para derrubar o regime de Fulgencio Batista. O segundo filme, Che - A Guerrilha (Guerrilla) faz uma breve recapitulação dos seis anos que se passaram desde o primeiro segmento e começa com Che chegando à Bolívia até sua em 1967.


O Argentino impressiona também graças às magníficas interpretações de seu magistral elenco.Apesar de contarem uma grande história, os dois filmes têm tons distintos. Enquanto o primeiro parece mais otimista e acelerado, o segundo - linear e alternando saturações de cores - é mais sombrio e contemplativo, retratando a seqüência de derrotas físicas e morais de Che e seus comandados na América do Sul.Soderbergh superou-se não apenas como diretor, mas também como fotógrafo. E o roteiro de Peter Buchman e Benjamin A. van der Veen, inspirado nos diários do próprio Guevara.



Com elenco eclético conta com Catalina Sandino Moreno, Demián Bichir, Rodrigo Santoro, Julia Ormond, Lou Diamond Phillips, Franka Potente e Benjamin Bratt, Matt Damon entre dezenas de outros.

Simples e honesto, Che resulta em um trabalho quase documental, contando como viveu e morreu o ícone. Se Guevara foi mesmo o "Guerrilheiro Poeta" romantizado ou um assassino que ajudou a substituir um regime por outro, cabe a cada espectador decidir.










ALUGUE : Che- O Argentino e Che -Guerrilha

Nota : 5 👍👍👍👍👍 em 5
Walther Jr.

Walther Jr ,42, trabalhou como Ator, Produtor ,Sonoplasta ,Roteirista e Diretor de teatro e cinema. Cursou cinema na E.L.C (Escola Livre de Cinema ) e teatro na escola de atores ESPAÇO CÊNICO em BH .O blog tem o objetivo de difundir a sétima arte levando informação, cultura e entretenimento. Salve o Cinema!!!

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