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Saudosa TV PIRATA!!!

Até a década de 1980, a principal escola de humor na televisão brasileira era o rádio, de onde vieram humoristas de sucesso como Max Nunes, Haroldo Barbosa e Chico Anysio. Os programas, em sua maioria, traziam personagens fixos que repetiam rotinas, bordões e piadas pontuadas pelas gargalhadas produzidas pela claque.

Ao longo dos anos, houve várias tentativas de escapar à formula e criar uma linguagem específica para a televisão. Em 1984, com a estréia do seriado Armação ilimitada, surgiu, de fato, uma nova proposta de humor, com recursos de imagem e de texto inéditos até então. Um dos responsáveis pelo seriado era o diretor Guel Arraes, que, em 1990, à frente do TV Pirata, deu mais um passo em direção a novas possibilidades de humor na televisão.

TV Pirata reunia, entre outros, escritores consagrados como Luis Fernando Verissimo; dramaturgos expoentes do teatro apelidado pela imprensa de besteirol, como Mauro Rasi, Vicente Pereira, Pedro Cardoso e Felipe Pinheiro; e os humoristas da Casseta popular e do Planeta diário, Hubert, Reinaldo, Bussunda, Cláudio Manuel, Helio de La Peña, Beto Silva e Marcelo Madureira.

No elenco, atores de teatro e televisão, nenhum deles identificado com o perfil tradicional do comediante: Marco Nanini, Louise Cardoso, Ney Latorraca, Débora Bloch, Diogo Vilela, Cláudia Raia, Guilherme Karan, Cristina Pereira, Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães. Os dois últimos eram ex-integrantes do lendário grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, do qual também saiu Patrycia Travassos, que fazia parte da equipe de redatores.

Ao mesmo tempo em que soava inovador para os padrões brasileiros o programa apresentava um humor mais sofisticado que aludia aos ingleses do Monty Python e aos americanos do Saturday night live, por exemplo o TV Pirata também fazia parte da linhagem de humorísticos que começou no final dos anos 1960 com o TV0-TV1 (1967) e prosseguiria, na década seguinte, com Satiricom (1973) e Planeta dos homens (1976). Como esses programas, o TV Pirata satirizava a própria programação televisiva: as telenovelas, os telejornais, os programas de entrevistas, os seriados, os programas esportivos, os videoclipes, os shows, os anúncios comerciais e as mensagens de utilidade pública.

A TV Globo era, evidentemente, o alvo principal. Uma vinheta, criada por Ricardo Nauemberg, mostrava o logo da emissora sendo destruído ao se chocar com o logo da TV Pirata.

A primeira abertura do programa, exibida em abril de 1988, deixava clara sua intenção transgressora: um grupo de piratas invadia uma emissora de TV, destruíam os estúdios de onde um telejornal estava sendo transmitido, invadiam a sala de controle e colocavam no ar uma fita que dava início à programação da TV Pirata.

Combate satirizava os enlatados norte-americanos e apresentava as aventuras de três mariners do 6º comando tático, perdidos no meio da selva, à espera do ataque sempre iminente dos vietcongues. O Comandante Klink (Guilherme Karan) é o chefe durão, mas capaz de falas como: Eu acho superimportante a gente trocar essa força. Essa coisa de guerra é muito braba, brutaliza a gente. É muito importante a gente se transar mais. Eu tô achando a gente muito preso.... O Tenente OHara (Luiz Fernando Guimarães) é o canalha simpático, sempre debochando e procurando se dar bem às custas dos companheiros. O Major Rilley (Marco Nanini) é o negro, alvo das piadas racistas de OHara.

Forte Abraço.
Walther Jr.

Walther Jr ,42, trabalhou como Ator, Produtor ,Sonoplasta ,Roteirista e Diretor de teatro e cinema. Cursou cinema na E.L.C (Escola Livre de Cinema ) e teatro na escola de atores ESPAÇO CÊNICO em BH .O blog tem o objetivo de difundir a sétima arte levando informação, cultura e entretenimento. Salve o Cinema!!!

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